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O que há de novo, Liverpool?: Uma análise

O período de pré-temporada na Europa vai chegando ao fim e, para os ingleses, o campeonato nacional já começa hoje.

Mas não é sobre o conturbado Manchester United, que abre a temporada inglesa, que vamos falar hoje. Nem sobre o Chelsea de Sarri, que promete muito, ou do novo Arsenal com Unai Emery. Aqui vamos explorar o Liverpool de Jürgen Klopp.

Como de praxe, durante boa parte dos amistosos Klopp escalou jogadores que estavam emprestados, nos times juvenis ou que tiveram poucos minutos na última temporada por contusões. Mas, na última semana antes do início da Premier League, pudemos ver, pelo menos nos primeiros 45 minutos, o time que será a base para a temporada. E é nestes jogos que vamos nos concentrar.

E o que esperar de um time treinado por Jürgen Klopp? Pressão, exato! E muita pressão. Não apenas do primeiro ao último minuto, mas da primeira partida na pré-temporada à final da Liga dos Campeões. E podendo trocar o time inteiro no intervalo, foi isso que vimos em todos os jogos. Se isso por um lado salienta o estilo de jogo do alemão, por outro ainda obscurece o patamar físico do time.

As novas contratações, como é de se esperar de um departamento de futebol profissional e capacitado, se encaixam perfeitamente neste jogo. Naby Keitá, técnico e vigoroso, particularmente me agrada muito neste time. Fabinho é ótimo para circular a bola para fora da zona de pressão, facilitando os contra-ataques com Mané e Salah. Shaqiri, como sempre, quer participar de todas as fases do jogo, buscando a bola na defesa, construindo as jogadas e finalizando, o que pode comprometer o jogo dos Reds; na Suíça e no Stoke City não há nada mais justo do que ele controlar o jogo, no Liverpool a história é outra. Mas sua velocidade e disposição serão bem-vindas. No gol, Alisson é um refresco para um time que sofreu tanto na posição nos últimos anos.

Sturridge, voltando de empréstimo, se mostra uma boa opção para o ataque, agregando características diferentes para a posição. Enquanto isso, Solanke continua abrindo bem os espaços para os companheiros e facilitando as jogadas, mas a seca de gols ainda o persegue (o que, como vimos na campeã do mundo, não é necessariamente um grande problema). Joe Gomez continua evoluindo e agora volta à posição que desempenhou no início da carreira como zagueiro, e muito bem. Isso porque Clyne volta na lateral direita e a disputa com Trent Alexander-Arnold deve ser de alto nível. 

Vindo da base, o defensor Nathaniel Phillips é quem mais chamou a atenção. Não apenas pelos 1,93m de altura e as boas atuações (inclusive sendo o único zagueiro de ofício em alguns momentos), mas por ter recusado uma bolsa de estudos nos Estados Unidos para assinar com o Liverpool.

Agora que passamos por cima dos destaques individuais, vamos para os jogos em si.

Provavelmente a equipe inglesa com melhor desempenho nos amistosos preparatórios, o Liverpool enfrentou essa semana dois italianos, que ainda tem algum tempo antes dos jogos para valer: Napoli pós-Sarri, mas com o competente Carlo Ancelotti, e o Torino do "inegociável, invendável e imprestável" Andrea Belotti.

No primeiro jogo, vale destacar o adversário. Depois de trocar Maurizio Sarri por Carlo Ancelotti, muitos esperavam uma transformação total do estilo de jogo do Napoli. Mas, o que vimos, foi um time que manteve a pressão alta, o jogo curto e apoiado, paciência com a posse da bola e a infiltração na linha defensiva adversária, muito parecido com o futebol do antecessor. O que não é uma surpresa já que Ancelotti é mestre em pegar trabalhos de sucesso e manter o que vinha dando certo. Um técnico experiente, conservador, mas muito eclético. Mas isso é tema para outro dia.

Porém, com muita pressão e movimentação, o time de Merseyside já tinha 2x0 a favor em menos de 10 minutos. Keitá, se mostrando muito adaptado ao pressing do Klopp, e Salah, caindo por dentro e depois abrindo, puxando Koulibaly com ele para muito longe da posição central, foram destaques. Apesar de ainda não se mostrar em um ritmo tão alto quanto seu reserva Shaqiri, o egípcio atraiu muita atenção dos adversários e continua com o espírito de poacher, o jogador que fica sempre pronto para aproveitar as costas da defesa e bolas que sobram na área.

Apesar de ambos os times terem reservas interessantes, foi inevitável o clima de pelada no segundo tempo após o 3 a 0. 

Contra o Torino a partida teve contornos diferentes por conta da abordagem mais reativa da equipe de Walter Mazzarri. Foi um bom teste para quebrar defesas mais fechadas, que costumam ser um problema para o Liverpool de Klopp, mas que desde a temporada passada tem diminuído.

A proteção da área e a linha de impedimento, a exemplo da partida contra o Napoli, foi muito boa. A bola aérea, no entanto, castigou os ingleses novamente com o único gol dos italianos.

A utilização de Fabinho na base das jogadas desde o início (inclusive como zagueiro em boa parte do segundo tempo) conferiu ao Liverpool mais controle sobre a partida e abriu um leque de opções no meio de campo, o que faltou muito na última temporada quando chegou à final da Liga dos Campeões com apenas os três meias que iniciaram a partida em condições de jogo. Henderson fornece uma bola longa melhor e lançamentos rápidos na virada de jogo no campo ofensivo, enquanto o brasileiro traz mais passes curtos, saída da pressão e poder aéreo. A expectativa é que atuem na ponta do triângulo de meio, mas apenas um pode ser titular. Klopp tem a famosa "dor de cabeça boa" para decidir e pode adaptar-se melhor contra os adversários.

No final das contas, o que mais importa na pré-temporada do time de Anfield é a profusão de jogadores para poupar titulares importantes, seja mantendo as características ou trazendo novas possibilidades, e ter argumentos contra equipes e situações específicas.

Que o Liverpool pode conquistar sua primeira Premier League nesta temporada é completamente plausível. Os rivais, no entanto, não vão deixar barato. O certo é que Anfield Road nunca viu um time tão forte desde os anos 90.
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